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quarta-feira, 21 de março de 2018

Carta ao Suicídio

Depois de um suicídio já é tarde... Quantos fizeram seu papel? Não adianta o remorso do que não se foi feito pra reverter ou até do que se foi feito para ocasionar. Na verdade, quantos desfocaram do próprio umbigo para olhar pro próximo e quiçá notar alguma diferença que tenha ficado em evidência uma depressão. Às vezes nos achamos fortes o suficiente para não precisarmos do outro, ou fracos demais para cada um ser por si e se virar sozinho. Sinceramente foda-se isso quando o amor se desvai dos corações repletos de egoísmo. Quem sabe o essencial fosse tão simples que estivesse contido em gentileza ou cortesia. E ainda que crenças e religiões condenem o ato suicida, não nos pertence o malhete do juiz para julgar. Se foi fuga, coragem, fraqueza, egoísmo, já não importa mais. Se lâminas fizeram a vida escorrer, excesso de medicamento ou uma corda no pescoço, importa menos ainda. Não escrevo aqui para arrependimento ou culpa, que não levarão a lugar algum do passado, escrevo para a empatia, que sim, pode levar a algum lugar no presente que possa mudar um futuro.