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domingo, 22 de março de 2020

O Livro Roubado

Neste Marca-Texto, vou falar de um dos meus livros favoritos de poesia, "O livro roubado". Sem nenhuma apologia à este feito, venho eu aqui desabafar meu delito e o que este livro significou.

Era o início das aulas e a biblioteca acabara de abrir para os estudantes. Eu era novo no colégio e não sabia da existência da biblioteca, até precisar buscar os livros das matérias bimestrais lá. Quando me deparei com um mundo! Tinha livro de todo tipo de conteúdo, e para cada livro na prateleira, havia no mínimo outros cinco exemplares do mesmo.
Então perguntei para a Senhorinha que estava na recepção da biblioteca, o porquê de tantos livros sobrando. Ela então disse, que a direção do colégio tinha a expectativa de promover melhor a leitura entre os alunos, o que não estava tendo eficácia. Então continuei pelas prateleiras degustando cada título. Foi quando vi o livro "Na Trança do Tempo", da poetisa Lena Jesus Ponte.



E ali mesmo comecei ler aquele livro. E cada pedaço que eu lia, era como se eu me tornasse cada sensação natural ali descrita. Me identifiquei de forma que eu já tinha muito das escritas haicais, e não sabia. Achei uma injustiça os livros mofando e empoeirados, com uma escola cheia de alunos. Então perguntei se eu podia levar o livro para casa, ja que poucos pegavam pra ler. Ela disse que sim, porém eu teria de assinar meu nome e devolver num prazo de quatro dias.
Mas eu queria aquele livro para mim e não ia assinar meu nome pra ela saber que ele estava comigo. Quando notei que ela usava óculos de graus bem fortes, e tinha um dos olhos imóveis, de vidro (não lembro se era o direito ou o esquerdo). Então indiscretamente perguntei, com toda gentileza é claro, o que acontecera com sua visão. E ela começou a contar se distraindo enquanto tirava os óculos. Talvez eu tenha cometido ali, o meu pior pecado. Mas o motivo de eu não lembrar o que aconteceu para ela usar um olho de vidro, é que eu estava ocupado por trás do balcão, colocando o livro na minha mochila.