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sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Black Blue Blood



O cabelo vai dizer, os olhos vão dizer, os traços vão dizer, mas se a pele não disser, a boca não tem o que dizer. É a pele que sente, é ela que não mente, antes ela fosse transparente, e por igual todos mostrar. Foi ela quem sofreu no açoite, de dia e de noite, cada rasgo, cada corte, resilientemente forte, toda ferida de morte, pelos séculos perpetuar. Quem sofre é o preto, nesse racismo em panfleto, e pra todo humor negro obsoleto, não há reposição cultural pra reparar. Que se cale o moreninho, nem se meta o escurinho, que aceita apelidinho, pra pele negra nomear. Muito é fácil advogar a causa, já ganha, injustiçada, por cada gota derramada, do nobre sangue negro ainda a pingar. Seja aqui ou aruanda, até dentro da umbanda, que se fechem as portas de wakanda, pra racista nenhum entrar.