chuva de chumbo, ecos no beco
silêncio por uns segundos na viela
exército negro aperta o cerco
entrando essa hora na favela
independente de onde seja
é uma rotina lá jorrar sangue
escola, padaria, porta de igreja
não tem hora pro bang-bang
protesto, gritos, choro incessante
tumulto, aglomeração, gente ao derredor
uma mulher geme pelo filho impaciente
bala perdida acerta o menor
parede surda, boca de ninguém
treme, espatifa com furo de bala
morador em casa se torna refém
ironia é morrer jantando na sala